Pensando na morte da bezerra…

Eu estava aqui divagando e pensando nas manifestações de março e desse mês e como sempre chego a mesma conclusão: as pessoas querem algo, mas não sabem o que e nem como conseguir. No final das contas todo mundo quer a mesma coisa, menos corrupção e excelência nos serviços públicos, mas falta organização para cobrar com mais consistência.

Acho que o problema não é explicar o que queremos, os políticos estão carecas de saber. Só precisamos de um sistema de cobrança organizado e para isso precisamos olhar com atenção o que é feito pelos deputados e senadores talvez seja uma forma de começar. Se você clama por mudanças no nosso sistema político e não sabe que desde fevereiro os deputados estão reunidos na Comissão Especial da Reforma Política, é bom dar uma olhada nessa página AQUI e ver tudo o que já aconteceu por lá.

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Entre audiências públicas e seminários, muitos assuntos já foram levantados e o que agrada grande parte dos deputados é o financiamento exclusivamente público de campanhas. Lembra aquela coisa que eu falei em um dos posts daqui sobre o fato de errarmos o timing das reivindicações? Então, se quisermos ingerir sobre o processo da Reforma Política a hora é ESSA! Veja os deputados que compõem a comissão e cobrem o posicionamento deles. Organizem-se em grupos, quanto mais pessoas defendendo a mesma ideia melhor para ouvi-la.

As audiências públicas em sua maioria acontecem fora de Brasília, então se a próxima for no seu estado e você puder, participe, entenda o que está sendo debatido, converse com amigos e espalhe o tema. Quanto mais gente sabendo dessa comissão e da possibilidade de participar, melhor. A nossa democracia só tem a crescer com isso.

Sabemos que as ruas são apartidárias, mas essa união em torno de grupos que estou falando não precisa ser um partido. Pode ser um monte de gente interessada em participar mais dos processos da Câmara, o que importa é que precisa haver uma unidade e talvez em algum momento seja necessário a presença de um porta voz, que traduz os anseios do grupo para o mundo. Não tem como 50 pessoas falarem ao mesmo tempo e serem compreendidas, então pensem nessa pessoa como alguém com boa oratória e capacidade de negociação. A ideia é que a pessoa apenas seja um elo e não a dona do grupo ou das ideias defendidas por ele.

Na minha cabeça essa coisa de impeachment é uma bandeira meio esquisita porque, tirando o fato de que não há provas concretas do envolvimento da presidente nos escândalos, as reações disso podem tomar dimensões catastróficas. Não basta só pedir impeachment, é preciso entender quem assume, como fica a situação já frágil do país e principalmente a situação política. Dois impeachments em 21 anos é de arrepiar até cabelo de ovo, é um sinal claro de instabilidade política que com certeza pioraria ainda mais nossa situação econômica.

Não sei quem conseguiu incutir isso na cabeça de tantos brasileiros, mas deixei aqui uma dica que considero mais eficaz que essa. Se você tá cansado de tanta roubalheira, fique de olho nas comissões do Congresso e participe dos debates.

Por Ana Paula Ramos

4 pensamentos sobre “Pensando na morte da bezerra…

  1. Eu já fui em algumas audiências públicas e comissões da câmara. Eu acho que é o tipo de coisa que devia ter até excursão escolar, para entender como o sistema funciona. Além de servir para mostrar que cidadãos comuns organizados tem muito mais poder que imaginam.

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    • Sim! Fui a uma reunião da Comissão de Reforma Política Infraconstitucional e achei muito interessante a dinâmica. Estou acompanhando as ações da comissão principal pelo site e também dá para aprender muito. Sem contar que o deputado fica ali na sua frente.

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